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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Medicina Veterinária
Disciplina de Comportamento Animal - Vila Real 1999 |
Papio anubis

"(...) notáveis animais, a suportar as boas e más provas do ambiente, aprendi a nunca os subestimar (...)" - Shirley C. Strum
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Realizado por: |
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Cássia Mourão nș 13143 Cesário Bernardes nș 13004 Nuno Antunes nș 13006 Vânia Abobeleira nș 13027 |
Índice
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Introdução................................................................................................... Comportamento sexual................................................................................ Comportamento maternal............................................................................. Comportamento alimentar............................................................................ Comportamento agonístico.......................................................................... Comportamento social................................................................................. Anexo.......................................................................................................... Bibliografia.................................................................................................. |
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Introdução
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Classe Ordem Género Espécie |
-Mammalia -Primata -Papio -Papio anubis |
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Temperatura corporal- 36-39 Consumo de água- Ad libido Taxa respiratória- 29 respirações minuto Peso - macho adulto: 22- 30 Kg - fêmea adulta: 11- 15 Kg - recém nascido: 870- 945 g Período de gestação- 184 dias Número de crias por parto- 1 Lactação- até aos 5 - 6 meses Cativeiro - T recomendada: 19- 29 - Humidade relativa: 30- 70 % - Fotoperíodo: 12:12 (luz / escuro) Maturidade sexual - macho: 7 - 15 anos - fêmea: 7 - 15 anos Ciclo éstrico- 35.4 |
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Ao contrário dos outros primatas, que são arborícolas, os babuínos foram bem sucedidos ao adaptar-se a viver em terra, como os homens. Muito dos iniciais interesses da ciência nos babuínos eram baseados na ideia de que eles podiam ser usados como modelos para os primeiros estados na evolução da espécie humana.
Os babuínos geralmente vivem entre 20 a 30 anos. São muito activos ao longo do dia. O seu tamanho corporal é grande, e a distribuição de comida é feita em longas distâncias que eles têm que percorrer para comer o suficiente a ponto de se sentirem saciados, de tal modo que costumam percorrer 5,9 Km / dia.
Possuem um cérebro bem desenvolvido, que necessita de aprender o essencial à sobrevivência. Tradicionalmente, o conhecimento é transmitido de geração em geração na natureza.
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Os ramos das árvores altas, assim como superficíes rochosas, servem de dormitório para os babuínos; a inacessibilidade e o número de indivíduos num grupo providenciam uma segurança relativa face aos predadores, especialmente o leopardo. Tais refúgios "nocturnos" são de extrema importância para os babuínos, uma vez que são animais diurnos, pondo-se a pé bem depois do nascer do sol e "montando acampamento" antes da escuridão da noite cair. |
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Distinguem cores e têm bom olfacto. São notáveis animais, habituados a suportar os caprichos do ambiente, adaptando-se a cada prova de fogo que este lhes proporciona. São animais a ter em conta, e nunca os subestimar.
Distribuição:
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Os babuínos ocupam vários tipos de zonas de vegetação, incluindo semi deserto, savana, floresta, floresta tropical chuvosa, floresta decídua e algumas zonas de alta altitude. Têm portanto uma espantosa adaptabilidade, mas é sobretudo nas savanas que eles se encontram mais frequentemente. Encontram-se com especial incidência em África e Arábia, sendo o maior predador de ovelhas e cabras. Ao lado a sua distribuição em África, onde é referido como "olive baboon". |
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Morfologia:
O peso médio de um macho adulto é cerca de 25 kg e a fêmea de 14 kg. Esta espécie exibe um dimorfismo sexual, especialmente no tamanho corporal. A cor da pelagem é escura próxima de cinzento. Os machos podem ser duas vezes maiores que as fêmeas e têm características especiais, tais como enormes dentes caninos, uma longa goela para os alojar e um manto de pêlos à volta dos ombros.
Locomoção:
São quadrúpedes mas quando correm têm um galope semelhante ao dos cavalos.
Comportamento Sexual
Sexualmente promíscuos, as fêmea copulam com uma série de membros do grupo. Têm um sistema multi-machos, multi-fêmeas. Não há sazonalidade entre os nascimentos, sendo os intervalos entre estes relacionados com factores sociais.
As fêmeas em cio (proestro) ficam com o aparelho genital vermelho e inchado, o qual vai inchando até atingir o pico, mais pronuciado que o normal, o que indica que está receptiva para monta, e isto ocorre durante a fase folicular e ciclo ovulatório. Dois ou três dias após a ovulação vai desinchando gradualmente, e a pele sexual fica novamente preta, permanecendo neste estágio, anestro, por nove dias, durante os quais a menstruação ocorre, geralmente de forma indetectável. Posteriormente dá-se novamente o ciclo. A pele sexual das fêmeas fca novamente escarlate na gravidez; a pele sexual de fêmeas lactantes permanece preta, tal como no anestro.
Só no início do proestro é que os juvenis têm acesso à fêmea, pois quando o períneo está completamente vermelho são os machos dominantes que beneficiam das mesmas. Adultos e especialmente machos séniores só respondem às fêmeas quando o períneo está completamente desenvolvido, indicando que a ovulação ocorreu. Apesar da presença de espectadores durante a cópula evidenciar interesse, os machos adultos mostram-se pouco invejosos, talvez devido às preferências sexuais resultantes dos laços sociais entre machos e fêmeas particulares.
As fêmeas dão à luz uma cria a cada gestação, e em média esta dura cerca de 160-180 dias. As fêmeas não estão receptivas durante a gravidez e lactação, logo têm um período de abstinência razoavelmente longo. Uma vez que a fêmea entra no estro, fica receptiva para os machos por um período de duas semanas, no fim das duas semanas, ovula, e geralmente é necessário que tenha quatro a cinco ciclos éstricos para conceber uma cria, começando dos 10-12 meses pós-parto. O intervalo de nascimento é de 1,5 a 2 anos. Uma fêmea típica é sexualmente activa em menos de 10 % da sua vida adulta. As fêmeas passam metade da sua vida adulta a cuidar das crias, para além de um terço prenhes.
Há muita competição entre os machos o que se vê sobretudo no seu marcado comportamento agonístico quando competem pelas fêmeas. Além disso sabe-se que os machos dispersam-se do seu grupo natal mas as fêmeas são filopátricas, isto é, permanecem no grupo em que nasceram.
Os machos e as fêmeas estabelecem importantes relações que são vantajosas uma vez que quando um passa dificuldades o outro auxilia prontamente. O infanticídio também se verifica apesar do cuidados que os machos apresentam para com as crias.
Comportamento Maternal
Os nascimentos geralmente ocorrem à noite. A mãe agarra o recém nascido nos braços, podendo apresentar dificuldades em acompanhar o resto do grupo. A pele rosada muito clara e o cabelo preto dos filhotes começa a mudar no terceiro mês, substítuida pela coloração adulta aos seis meses, apesar dos machos reterem a coloração rosa do escroto, por um ano ou mais.
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As crias movem-se bem no primeiro mês, trepam suficientemente bem ao segundo mês, troncos e babuínos adultos, e desenvolvem a destreza manual para apanhar objectos com as mãos em vez da boca. Começam a transportar-se às costas da mãe das seis às doze semanas. No terceiro e quarto mês começam a brincar juntos, em subgrupos formados por fêmeas com os mais novos. |
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Neste momento já tem facilidade de acesso aos alimentos, mas ainda dependem das mães para se alimentarem e para transporte, isto é, são nutricionalmente independentes, mas dependem da protecção maternal e orientação durante mais meio ano.
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As crias destacam-se pela sua vivacidade, inocência e pela curiosidade que despertam nos mais velhos. Não é raro ver crias de várias idades a brincar entre si, e entre irmãos. Para as crias qualquer local ou objecto é convidativo à brincadeira, sendo frequente e possível observá-las em troncos.
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Nestas imagens observam-se algumas cenas de brincadeira entre animais de idades diferentes (acima) e aproximadas (direita - ambas) |
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Comportamento Alimentar
O babuíno cinzento é uma espécie frugívora. Alimenta-se também de flores, raízes, plantas aquáticas, tubérculos, cogumelos, bulbos, linéia, taninos (de cascas de arvores), liquenes, sementes, invertebrados, pequenos vertebrados como a gazela. Fêmeas com os seus filhos geralmente alimentam-se de grama e de pequenos arbustos.
É uma espécie diurno e geralmente dormem um arvores e afloramentos rochosos

Comportamento Agonístico
Os babuínos são animais inteligentes, com personalidades individuais, vivendo até aos 25 anos em vastos grupos sociais.
Alguns dos babuínos mais velhos, os patriarcas, num ritual estranho, fogem do grupo nos seus últimos anos de vida.
Na maioria das sociedades de primatas, como a dos babuínos, as fêmeas passam a vida inteira no grupo entre o qual nasceram, rodeadas pelas fêmeas que lhes são aparentadas. Os machos, por outro lado, tendem a deixar o grupo na puberdade, em busca de "fortuna". Este padrão é comum às espécies mais sociais, nas quais os cruzamentos consanguíneos são evitados quando um dos sexos migra.
Os machos primatas deixam o grupo voluntariamente. Encontram-se possuídos por um profundo desejo de conhecer, um desejo doutro lugar que não a monótona e já conhecida terra natal. Deixam o grupo, e gradualmente dirigem-se para outro grupo, onde inicialmente se subordinam e com o qual não se identificam.
É um tempo de duro trabalho e muitos perigos, medo e excitação. O risco de mortalidade para um jovem babuíno aumenta tanto quanto as tensões durante o seu período de adaptação. Lentamente, os jovens machos estabelecem relações no grupo enquanto se tornam adultos. Machos "semi" adultos podem, ocasionalmente, mudar de grupo, quando há problemas neste ou demasiada competição pelo estatuto. Por vezes também os patriarcas se transferem, num acto que pouco sentido faz.
A idade de velho não é a idade propícia para passar desprotegida na savana, após se deixar um grupo e enquanto não se insere noutro. Os sentidos são menos agudos, os músculos mais fracos e os predadores espreitam por todo o lado. Mesmo se o patriarca consegue a transferência de um modo seguro, ser-lhe-à difícil tomar o caminho certo. Ao se mudar para um mundo de estranhos terá de aprender novas regras sociais e ecológicas: quais os machos são imprevisivelmente violentos, qual a espécie de árvore é melhor para colher fruta quando a estação seca atinge o auge.
Novas requisições ser-lhe-ão mais difíceis, devido à sua idade. Conhecimentos "cristalizados" (o relembrar de factos e a sua aplicação nas situações devidas) podem permanecer intactos em idades avançadas, mas o conhecimento "fluido" (a aquisição de nova informação e a sua aplicação improvisada) facilmente se lhes escapa. É uma altura inadequada para o aprender de novos truques.
Vulnerabilidade física, dependência dos familiares- todos estes elementos sugerem que é loucura para um patriarca procurar uma nova vida. Porque o fará?
Várias teorias foram discutidas. Talvez o babuíno acredite que um movimento lhe permita um novo "hurrah". Talvez os babuínos envelhecidos regressem ao seu grupo natal, para passar os seus últimos dias aos cuidados das irmãs. Outra teoria sugere que abandonam o grupo quando as filhas atingem a idade reprodutiva, como meio de evitar acasalarem com elas.
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Outra teoria defende que ele se muda porque os machos existentes nunca lhe permitiriam um descer na escala hierárquica passivo. Quando se examinam as interacções de dominância entre indivídios num grupo, um padrão emerge. Os machos colocados mais alto na escala hierárquica têm tensas interacções entre si- um irá forçar o outro a desistir de uma peça de comida ou de um local de descanso, ou interromperá a aprendizagem ou comportamento sexual. Esses animais de |
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"patente" alta, incomodam frequentemente os adolescentes recém chegados. Mas com um ex número 1, irão cíclica e repetidamente friccionar-lhe o nariz na sua atitude submissiva. Os machos que se tenham transferidos quando velhos, são completamente subordinados, sendo o seu lugar na parte mais baixa da hierarquia, sendo largamente ignorados. Os patriarcas que tiverem passado a sua vida no grupo, são, contudo, sujeitos a duas vezes mais interacções de dominância do que os machos que para ele se tiverem transferido.
Porque são os machos novos tão agressivos para os depostos da classe dominadora? Estudos apontam para que a nova geração não se importe muito com quem o velho animal é.
Os maus tratos aos patriarcas que permanecem no grupo são independentes do quão agressivamente se tenham comportado no seu apogeu. O que importa é que em tempos terão sido dominantes, e no momento já não o são.
Mesmo tendo em conta este tipo de tratamento, mais de metade dos patriarcas não abandona o grupo, vivendo com este e sofrendo maus tratos. Pensa-se que são sustentados nos últimos anos de vida por simples amizade, amizade essa não dos outros machos, mas das fêmeas do grupo.
As fêmeas passam a sua vida no mesmo grupo, rodeadas pelos parentes e não parentes com os quais passaram décadas desenvolvendo relações sociais. A "patente" nas fêmeas é hereditária, e na maioria das vezes, não sofre alterações ao longo da sua vida. A luta por "patentes" mais elevadas não faz parte da vida das fêmeas.
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Quando os machos estabelecem amizades, fazem-o com fêmeas. Frequentemente esses relacionamentos nada têm que ver com sexo. Uma amiga fêmea é alguém que o macho arranja (leia-se cata), e que o arranja a ele. Ele senta-se junto a ela quando tem algum problema e brinca com os seus filho ou carrega-os numa atitude protectora quando um predador surge. A primatologista Barbara Smuts, da Universidade do Michigan, descobriu que os machos que desenvolvem relações de amizade são aqueles que lhes dedicaram mais tempo na infância. Esses |
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machos esforçam-se mais estabelecendo este tipo de relação do que estabelecendo alianças e lutando pela hierarquia com os outros machos. Esses machos possuem uma história de sucesso reprodutivo, mais através de acasalamentos ocultos (com fêmeas que os preferem) do que acasalamentos "à mostra" (que surge como recompensa após um sucesso num conflito macho-macho).
Os machos que desenvolvem essas amizades, podem simplesmente ter-se afastado de uma alta "patente" quando cria, abandonando voluntariamente posições de dominância, evitando assim serem incapacitados ou derrotados em lutas. Quando comparando os machos que permanecem no seu grupo nos seus últimos anos, com aqueles que o deixam, verifica-se que os que ficam são os que estabelecem relações de amizade, continuando a acasalar, arranjando e sendo arranjados, sentando-se e contactando com as fêmeas, interagindo com as crias.
Os machos que envelhecem de forma bem sucedida, fazem-o descendo na hierarquia de forma voluntária antes que sejam derrubados por outros. Sofrem os maus tratos que lhes são infligidos pelos machos jovens com a ajuda das fêmeas e contactando com as crias.
Em resumo, esses machos trabalharam para fazer parte de uma comunidade, e o sustento que esta lhe dá ajuda-os nos seus últimos anos. Quando o fim do ciclo da vida se aproxima para um babuíno, assim como nas pessoas, são os laços de amizade que mais importam.
Comportamento Social
Vivem em médios ou grandes grupos com múltiplos machos e fêmeas. As funções do grupo são organizadas e este funciona como uma unidade coesa. A hierarquia entre machos é estabelecida entre machos por idade, habilidade e tamanho.
Graças à defesa de cooperação dos babuínos machos, um grupo contendo crias vulneráveis aos predadores tais como águias ou chacais podem procurar alimento em segurança em terreno aberto. Outros predadores são hienas, leopardos, grandes carnívoros. Podem carregar rapidamente sobre os tresmalhados, mas poucos tentam penetrar nas defesas do grupo. Quando o grupo é alertado para a existência de perigo, os machos adultos colocam-se à frente e demosntram um comportamento de vigilância típico (o oposto ocorre em confrontos entre grupos rivais: nestes as fêmeas colocam-se entre os dois grupos na tentativa de apaziguamento). Alarmes repentinos provocam a debandada geral para locais seguros. Machos e femeas adultas ficam para trás para proteger a retaguarda. Caso seja necessário podem contra atacar. Leopardos são apenas uma ameaça séria à noite, sendo a maioria dos babuínos suficientemente inteligentes para pernoitar em locais onde os leopardos não cheguem. É também de salientar que por vezes brindam aqueles que os perturbam com uma chuva de excrementos líquidos.
Comunicação:
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Vocalizações:·
"Two phase bark":É um som que se repete de 2 a 5 segundos, sendo emitido pelos machos adultos sempre que um predador se aproxima ou quando há agressões intra ou inter grupo.
Este tipo de vocalização é semelhante a um «wahoo», e servem para marcar a presença do macho e acordar os membros do grupo em situações de perigo.
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"Grunting":É um som tipo «uh-uhu», suave e geral em natureza. É emitido pelo macho adulto, sendo um chamamento de ameaça e ocorrendo antes do latido de 2 fases.
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"Roaring":É variação do grunhido de 2 fases, assemelhando-se a uma variação desse chamamento, também é dado pelo macho adulto durante lutas.
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"Grating Roar":Este chamamento é profundo e ressonante , assemelhando-se a simples grunhidos cujo volume e grau diminuem .É emitido pelo macho dominante após a uma luta, e também é possível ouvi-lo a noite após a um distúrbio .
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"Screeching":Esta chamada consiste em gritos de alto grau que são repetidos e que se podem tornar num "chining noise" ,quando um indivíduo é apanhado. É emitido por todas as idades e por todos os sexos.
Ocorre como resposta a uma agressão especialmente a um indivíduo dominante.
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"Yakking":É uma chamada curta em duração e soa como um «yak» agudo. Uma mímica assustada frequentemente acompanha esta chamada e é emitida por adolescentes e adultos de ambos os sexos, ou ao fugir de um animal ameaçador.
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"Clicking":É uma chamada alegre por natureza e é emitida pelas crias e juvenis de ambos os sexos . É equivalente ao "yakking" .
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"Ick Ooer":É um chamamento de duas fases, sendo emitido pelos lábios pressionados. Significa uma diminuição do nível de medo ou de stress e é emitido por crianças do mesmo sexo.
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"Shrill Bark":É um som simples, agudo e explosivo por natureza e é emitido por todos animais , excepto pelos mais adultos. Sabe-se que funciona como um sinal de alarme , especialmente face a um distúrbio súbito e que faz com que os outros elementos do grupo dispersem ao ouvir esse chamamento.
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"Rhytmic grunts":Esta chamada é baixa e suave e é dada por todos os indivíduos excepto crias. Expressa as intenções amigáveis de um indivíduo que se aproxime de um grupo.
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"Doglike bark":É uma chamada de alto grau, sendo mais tremido que o "shrill bark".
É emitido por adolescentes e adultos de ambos os sexos e ocorre quando um indivíduo ou pequenos grupos se separam do grupo natal.
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Comunicação visual:·
"Tension yawning":É executada pelo macho adulto de modo que abre completamente a boca e expõe os caninos. Ocorre sempre que um grupo rival ou um predador se aproxima.
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"Staring":Esta disposição é usada como um modo de ameaça. Os olhos fixam-se no estímulo e as sobrancelhas elevam-se, sendo o escalpe retraído e a pele facial estica-se puxando as orelhas para trás.
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"Underneath":A pálpebra contrasta com a cor facial circundante.
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"Canine display":|
Esta exibição é realizada pelos machos adultos sendo uma variação do "tension yawining". Serve para exibir a ameaça e é dada por um macho de menor hierarquia contra um de maior . Quando um macho de maior hierarquia está com uma fêmeas éstrica ou está a comer carne , dá-se o arqueamento das sobrancelhas. Este gesto também ocorre funcionando como um gesto agressivo. |
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"Penile display":Esta exibição é dada por um macho adulto que se senta com o seu pénis erecto de modo a proporcionar uma vista total.
Acontece quando um macho está de guarda e comunica aos outros que um macho adulto está presente no grupo.
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"Fear grimance":Os lábios estão retraídos de modo amostrar os dentes que estão juntos e cerrados. Funciona como um sinal de apaziguamento e reduz a agressão nos encontros.
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"Tooth grinding"É quando a boca está fechada e os dentes rangem juntos. Ouve-se quando dois machos se ameaçam mutuamente a curta distância.
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"Rapid glancing":Quando um Papio anubis é ameaçado vira a cabeça e olha na direcção oposta. Isto serve para diminuir a tensão nesta situação.
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"Lipsmacking":Quando os lábios se abrem e ocluem repetidamente. É um sinal de apaziguamento por parte do babuíno.
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"Social presenting":É como a apresentação, mas é feita por fêmeas e machos jovens perante machos de hierarquia superior. É uma atitude submissiva e difere da apresentação dos quartos traseiros mais baixos. Também é demostrado por uma fêmea a outra fêmea com uma cria preta, enquanto lipsmack.
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Comunicação táctil:·
"Social Grooming":É quando um indivíduo remove parasitas e pele morta de seus companheiros com as suas mãos.
Nesta espécie só ocorre entre indivíduos do mesmo sexo e é usado para reforçar os laços sociais.
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"Nose to nose greeting":Quando dois indivíduos se encontram, eles se tocam como sinal de amizade .
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"Social Mounting":É geralmente uma resposta à apresentação social e serve para assinalar uma amigável tranquilidade . É também visto em encontros agressivos.
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"Presenting":Este comportamento é exibido pelas fêmeas para aliciar a cópula por parte dos machos, este padrão indica ao macho que ela está receptiva para a cópula.
Um grupo de babuínos é uma das mais complexas e subtis sociedades do reino animal. As relações sociais são influenciadas pelo sexo, pelo o nível hierárquico, pelas alianças macho-macho e macho-fêmea, pela emigração e imigração, todas mediadas por um sistema de comunicação quase tão elaborado como o dos grandes macacos.
Provavelmente o mais útil para a compreensão do que se passa num grupo de babuínos é o conhecimento de que, internamente, os babuínos competem para adquirir e manter dominância- fêmeas de linhagens diferentes assim como de machos -e externamente o grupo tem que competir com outros grupos pelos mesmos recursos enquanto se defendem a eles próprios de predadores.
Os grupos de babuínos são constituídos entre 8 a 200 animais, incluindo tipicamente 30 a 40 indivíduos, metade dos quais imaturos. Existe uma proporção de duas a três fêmeas por macho. O seu território possuí entre 400 4000 ha, dependo da distribuição e riqueza em recurso. Bandos diferentes evitam-se mutuamente a não ser que sejam forçados a competir por locais de dormida, poços de água, ou árvores de fruto, prevalecendo neste caso o maior grupo.
Os grupos de fêmeas e a sua prole são o cerne do grupo. As fêmeas passam toda a sua vida no grupo natal (filopátricas) e no seu território, a não ser que o grupo exceda os seus recursos e se divida. Transferências de machos ocorrem repetidamente, começando como adolescente, após permanecerem no seu grupo familiar e se subordinarem às suas mães até à idade de quatro quando começam a desenvolver as suas perigosas presas e um crescimento muscular. A hierarquia das fêmeas é baseada na família estricta, e as filhas estáveis herdam a posição da sua mãe. Cada mãe lidera uma linhagem onde a descendência está hierarquizada conforme a idade, o mais novo primeiro. Inicialmente a hierarquia em grandes famílias pode ser estabelecida, se necessário, pela mãe ou parentes mais velhos, mas pelos dois anos e meio uma hierarquia para as fêmeas é fixa para a vida.
Há muita agressividade entre os machos, sendo o comportamento agonístico muito marcado pela competição pelas fêmeas.
Os machos dispersam-se do grupo natal mas as fêmeas são filopátricas.
Há uma hierarquia linear que existe no grupo baseado no "matrimónio".
A associação entre machos e fêmeas é importante porque quando os machos têm dificuldade as fêmeas estão dispostas a ajudá-los. Os machos também oferecem ajuda as fêmeas com crias. Os jovens têm tendência a seguir os machos. O infanticídio pode acontecer nesta espécie.
Anexo
A Deslocação da "Pumphouse Gang"
por Shirley C. Strum
"Uma experiência ousada para translocar
uma tropa de babuínos cinzentos
abre novas possibilidades para salvar outros primatas"
(...) Há 40 anos, por necessidade, eu, Shirley C. Strum, desloquei 132 babuínos para esta região isolada. A transloção destes animais deu-lhes a possibilidade de ficarem vivos, apesar de que, no início, eu não sabia até que ponto eles teriam esta possibilidade. Eu sabia que se esta experimentação fosse bem succedida, um importante projecto científico seria salvo, e esta técnica de translocação até poderia ser desenvolvida e ajudar a preservar outros grupos de primatas em perigo de extinção.
A minha história com estes animais decorre à volta de um grupo no Quénia chamado "Pumphouse Gang" - nomeado acerca da personagem do romance do mesmo nome por Tom Wolfe - e dois grupos associados a este. Eles viviam numa produtiva savana no Central Rift Valley numa exploração de gado de 20.250 ha nos bordos do lago Elementeira, que ficou conhecido pelos seus flamingos.
Os babuínos, que na volta do século pensava-se superarem o número de pessoas em África, ainda são os macacos mais predominantes no continente. Eles vivem nas savanas, florestas e até em ásperos desertos. Ao contrário dos outros primatas, que são arborícolas, os babuínos foram bem sucedidos ao adaptar-se a viver em terra, como os homens. Muito dos iniciais interesses da ciência nos babuínos eram baseados na ideia de que eles podiam ser usados como modelos para os primeiros estados na evolução da espécie humana.
A minha pesquisa na "Pumphouse Gang" começou em 1972. No início dos anos 80 estes animais tornaram-se uns dos mais estudados primatas do mundo e uns dos poucos a serem estudados a longo prazo num número limitado de estudos de campo sobre primatas, realizados em qualquer sítio no mundo. Como parte da pesquisa, os meus colegas e eu recolhemos informação sobre centenas de indivíduos, sobre o contexto social e ecológico.
Os animais viviam inicialmente em Kekopey. Mesmo com a exploração de gado, Kekopey tinha mais animais selvagens que gado. Alguns desenvolvimentos mínimos na região, como zonas de água e remoção de arbustos, tinham na verdade aumentado o número de animais selvagens. Mas o melhor era que não havia conflito entre os homens e os babuínos. Assim esta situação tornava-se um "laboratório" natural, ideal para pesquisas.
Mas em 1978, a exploração de gado foi vendida a uma cooperativa agrícola, e tudo se modificou. O aumento rápido da população queniana, na altura este país tinha a mais elevada taxa de crescimento de população (cerca de 4% anualmente) criou uma procura de terrenos. Se bem que a exploração não tivesse condições para o desenvolvimento de plantações (na melhor das hipóteses teriam colheitas cada cinco anos), logo após a chegada brusca de novos colonos, estes começaram logo a trabalhar a terra para futures campos de colheitas, em 1979.
Quase instantanêamente, começou a haver conflito entre homens e babuínos. Sobre o ponto de vista dos babuínos, as novas plantações de aveia e feijões eram simplesmente uma fonte de comida adicional para eles utilizarem na sua terra natal. No lado dos agricultores, não importava que os campos dessem poucas colheitas. Eles estavam convencidos que os babuínos eram a causa da eliminação de qualquer possibilidade de colheita. Os macacos foram então considerados o inimigo.
Para o projecto de pesquisa, e para mim, a prioridade tinha-se rapidamente modificado. Agora tinhamos de nos concentrar para salvar os babuínos, para manter esta bem documentada população de babuínos que era um objectivo científico muito valioso. Também eu tinha uma dívida a pagar para estes animais, com quem eu desenvolvi uma forte ligação emocional após vários anos passados juntos. No início, eu concentrava-me na possibilidade de controlar os ataques dos babuínos às plantações, utilizando o conhecimento que eu tinha sobre o comportamento deles.
Os babuínos são geralmente adaptativos. Isto significa que eles comem uma grande variedade de alimentos, de plantas e até insectos. Nesta grande variedade, é mais simples fazer uma lista do que os babuínos não comem que uma lista do que eles comem.
As tropas, o nome estabelecido para designar um grupo de babuínos, podiam ser constítuidas entre dez indivíduos até várias centenas de indivíduos. Na savana, os grupos podem ser de 150 indivíduos, e nas florestas já se observou grupos de 300 indivíduos. Nas tropas é normal haver vários machos vivendo com as fêmeas e as suas crias numa base permanente. O grupo é organizado à volta das fêmeas e suas famílias. Os machos durante as suas vidas vêm e vão do grupos consoante as movimentações hierárquicas na população. O objectivo do macho é de ganhar a sua aceitação no grupo e estabelecer uma relação entre ele e os outros machos, que podem vir a ser aliados ou oponentes, e com as fêmeas e jovens, que o podem aceitar como amigo, ou ao menos aceitá-lo.
Nós sabiamos que os ataques aos campos eram um novo comportamento para os babuínos. Ainda por cima os babuínos não precisavam das plantações para sobreviverem. Se bem que as quintas (shambas) ocupassem um espaço significativo da terra natal dos babuínos, a maior parte da zona dos babuínos ainda tinha a sua comida normal. Mesmo assim, controlar os babuínos tornou-se um tarefa mais dificil que eu tinha imaginado. As plantações representavam uma larga quantidade e elevada qualidade de comida comparada aos vegetais que constituia a dieta normal dos babuínos.
Os camponeses protegiam tradicionalmente as suas plantações com vedações e turnos de guardas quando se aproximava o tempo de colheita. Estas duas técnicas não eram eficazes contra primatas como os babuínos. Vedações não eram obstáculo para um animal que pode saltar, subir, escavar e desmontar; até vedações eléctricas eram ineficazes. A guarda dos campos também era inútil porque os macacos esperavam até ao momento inevitável onde os homens paravam de olhar.
O sucesso da guarda aos campos aumentou com o esforço humano. Os grupos de guardas que utilizavam cães e armas eram mais eficazes que os que não tinha cães e armas. A matança selectiva também se tornou uma arma eficaz. Porém, eu realizei por experiências que os atacantes deviam ser mortos à vista do resto do grupo para que os sobreviventes fazerem a ligação entre a causa e o efeito.
Nós também explorámos novas técnicas para desanimar os ataques. Isto incluia gravações de gritos de alarme dos babuínos, vários objectos assustadores e tratamento de pimenta forte. O único método que parecia dar resultados era o condicionamento pelo gosto, em que se utilizavam químicos que eram adicionados nos campos para tornar os animais doentes. Se eles ficassem doentes, eles deixariam de comer futuras plantações. O problema era que o único reagente químico saudável era salgado e assim facilmente detectável pelos babuínos, Isto queria dizer que era preciso um diferente químico para ser utilizado em larga proporções.
Para os babuínos, não havia outra escolha, se não tinham comida normal ou um habitat inexplorado para ser utilizado como refúgio, nada os impediria de comer as colheitas dos agricultores. Assim os ataques as plantações tornaram-se um caso de vida ou de morte, em vez de uma simples estratégia em demanda de boa comida.
Infelizmente, os nossos progressos no controlo dos ataques de babuínos aos campos eram demasiado lentos, eu podia ver um futuro pouco promissor para os babuínos. Eu tinha três opções, cada uma com dilemas éticos, científicos e de conservação: não fazer nada e vê-los morrer; mete-los em cativeiro, onde eles estariam seguros, mas já não estariam no ambiente natural; ou experimentar a translocação, que lhes iria dar a possibilidade incerta de sobreviverem em meio selvagem. Eu optei pela translocação, onde a população de uma espécie é transportada de uma zona selvagem para uma outra zona selvagem.
A translocação difere das outras duas técnicas de conservação: introdução e reintrodução. A introdução é libertar animais cativos numa zona onde eles nunca viveram antes. A reintrodução também liberta animais cativos, mas são libertados na zona donde provinham originalmente, normalmente isto faz parte de esforços de restauração de ecossistemas degradados ou comunidades degradadas. Na translocação de um grupo de animais, estes são deslocados rapidamente de uma zona para outra, evitando assim que as habilidades, comportamentos, conhecimentos importantes não fossem perdidos durante o curto cativeiro.
Quando comecei a considerar a translocação, haviam poucos precedentes primatas, ninguém sabia realmente o que iria acontecer a estes animais após a sua libertação. Assim os babuínos translocados iriam ter de organizar um novo território. Uma coisa era certa: se falhássemos com seres adaptativos como os babuínos, não haviria esperanças de translocação para outros grupos de primatas. Ao contrário, se translocação dos babuínos fosse bem sucedida, poderia servir de modelo para a conservação de outras espécies de primatas em perigo, a maioria deles vivendo nas florestas tropicais. (...)
Os primatas têm necessidades especiais. Eles têm um cérebro bem desenvolvido, que necessita de aprender o que precisam para sobreviver. Tradicionalmente, o conhecimento é transmitido de geração em geração na natureza. Uma vez em cativeiro, os primatas perdem o conhecimento e até as habilidades para obter conhecimento de sobrevivência no estado selvagem. Um grupo social intacto é a maior vantagem que um primata tem para se adaptar a novas condições, evitar o cativeiro aumenta a probabilidade de uma conservação bem sucedida e manuseamento se o animal tiver de ser manipulado em qualquer forma. Também é mais barato, pois a reabituação e cativeiro em longo prazo não é necessária.
Assim, o nosso projecto de translocação tinha vários pontos positivos a ponderar: não só era o futuro interesse do nosso grupo de babuínos que estava em causa, mas também o futuro de outros primatas em perigo.
Ir adiante não seria fácil.
O primeiro desafio era o mais difícil: encontrar um novo lar para uma espécie desesperada. Os babuínos como são numerosos e inteligentes, não são muito amados pelo povo africano. Só recentemente, é que os babuínos no Quénia já não são considerados como uma peste que deve ser exterminada, mas sim uma espécie selvagem a ser preservada. Mesmo com o seu novo estatuto, eles ainda estão encurralados, são mortos e massacrados em grande número, pois representam uma ameaça séria para os aldeões.
Com certeza, eu não iria transportar a "Pumphouse Gang" e a suas duas tropas de acompanhamento para uma área onde eles teriam problemas. Isto limitava as minhas opções. E ainda, eu tinha de me sujeitar à altitude e geografia das vegetações e também à possibilidade de competição com outros grupos de babuínos.
Até o sono dos babuínos era uma preocupação. Muitos dos primatas dormem em árvores para evitar os predadores. A "Pumphouse Gang" preferia dormir em altas pedras. Isto preocupava-me, pois forçar o grupo a dormir em árvores em vez de pedras havia de aumentar o trauma da deslocação.
Finalmente, parecia a presença de outras tropas de babuínos noutros locais era constante. Poderia eu deslocar o grupo para uma área onde existe outro grupo? E no fim, concluí que onde não haviam babuínos era provavelmente por não ser apropriado dado os limitados recursos existentes, hostilidade humana ou outros perigos, qualquer um poderia ser desastroso para animais translocados.
A minha procura para um novo lar durou dois anos. O candidato era uma área de 6075 ha perto da reserva de Ndorobo no planalto de Laikipia a norte do monte Quénia, não era o ideal , mas o tempo estava-se a esgotar. O deslocamento destes animais seria um duro teste à adaptibilidade dos babuínos.
O próximo obstáculo seria o deslocamento. Os profissionais capturavam babuínos em toda a África. A técnica mais popular era de os atrair com iscos dentro de jaulas. Quando o animal tocasse no isco (normalmente comida) o mecanismo da jaula fechava a porta, aprisionando o animal em segurança. Mas as armadilhas só conseguiria capturar metade do grupo até que os outros aprendessem a não se aproximar das jaulas armadilhadas.
Para ter sucesso, tinhamos de capturar todos os babuínos dos três diferentes grupos. A nossa intenção não era só a de resolver os ataques às plantações, mas garantir uma integridade social, que eu pensava ser a parte mais crucial do sucesso da translocação. Nós atraímo-los durante um longo periodo de tempo, tendo mais jaulas armadilhadas que animais, e com algumas dificuldades capturámos todos os animais, menos um macho, que conseguiu abrir a jaula e escapar por duas ocasiões.
A minha maior preocupação era garantir que os babuínos ficassem no novo lar após a libertação. Aqui também tive de me basear nos meus vários anos de experiência sobre eles, parte da minhe estratégia envolvia a diferenciação entre os sexos. Os machos e as fêmeas dos babuínos são bastante diferentes. Machos podem ser duas vezes maiores que as fêmeas e têm características especiais, tais como enormes dentes caninos, uma longa goela para os alojar e um manto de pêlos à volta dos ombros. Estas caracteristicas anatómicas é que tornam os machos adversários formidáveis quer seja para competir entre eles ou para enfentar predadores, o que às vezes acontece.
O mais importante é que os machos e fêmeas têm diferentes comportamentos, baseadas em ligações emocionais ao grupo, tendo eu assim usado esse comportamento contra eles na minha estratégia. As fêmeas são mais conservadoras. Se eu as libertasse, em primeiro, estabelecer-se-iam, ficando ligadas ao local e não querendo deslocar-se para longe da área. Quando os machos fossem libertados, o conservativismo feminino seria um travão à tendência de deslocação dos machos, incluindo de locais onde eles não são bem vindos.
A minha responsabilidade acabou quando eu libertei os babuínos. Eles teriam de sobreviver por si próprios. Isto inclui o que eles teriam que comer. Havia alguma comida já conhecida do grupo, mas para sobreviver teriam que experimentar muitas outras fontes de alimentos.
Eu tinha outras preocupações também. A água era uma delas. Mesmo tendo escolhido uma zona perto de água, o precioso líquido podia não ser persistente na época seca. Predadores também representavam problemas, e encontros com novas espécie desconhecidas como o enorme elefante podiam ser traumatizantes. Também os babuínos nativos da região podiam opor-se a esta invasão de estranhos perto do seu território. Finalmente as secas eram comuns. Eu sabia que até os babuínos locais tinham perdido muitos membros do grupo por causa das secas.
Afortunadamente, fiz a escolha certa acerca da libertação: os babuínos pareciam fazer as escolhas certas. Até os babuínos nativos provaram ser uma excelente fonte de informação para encontrar comida e água. O grupo translocado observava e seguia os nativos. Após seis semanas, babuínos nativos juntaram-se ao grupo, que provou ser uma melhor fonte de conhecimentos sobre a área.
Mesmo assim, os animais translocados aprendiam com as tentativas e os erros. Os babuínos locais comiam escorpiões removendo os ferrões e comendo o resto. Os novos babuínos observavam os escorpiões com interesse, jovens e velhos observavam-os tentando descobrir a maneira de os apanhar sem serem picados. Ainda demorou algum tempo para os escorpiões serem uma comida para os babuínos.
Outras coisas também demoraram tempo. A topografia da área fazia com que parte da zona tivesse boas reservas de comida na época da chuva estando as outras boas reservas de comida noutra área aquando da época seca. Para comer bem, os babuínos tinham de aprender esta diferença e mudar de área quando era necessário.
Em 1986, quando os babuínos pareciam já estar habituados, 200 elefantes cercaram a "Pumphouse Gang" no local de descanso nocturno do grupo a meio da noite. Eu só podia imaginar como podia ser assustadora esta experiência para estes animais não habituados aos elefantes. Com este elevado número de elefantes à volta deles, os babuínos descamparam imediatamente e fizeram uma viagem sem precedentes no meio da noite para um local de pedras seguro.
Os babuínos fizeram a escolha certa, pelo menos a curto prazo. O problema é que o grupo parecia traumatizado pelo acontecimento, tendo até abandonado parte da área completamente. Isto foi um erro. Para sobreviver neste dificil habitat e encontrar comida em toda as épocas, o grupo precisava uma larga área. Imagino que me apercebi do problema antes dos babuínos. Após vários anos, eles aperceberam-se do seu erro e tentaram reconquistar a área abandonada. Para se expandirem para outras regiões, necessitavam de ultrapassar a oposição de outras tropas de babuínos que já revendicavam a terra, ou entrar em áreas com mais predadores ou mesmo deslocarem-se para perto de populações humanas, com os seus campos.
A "Pumphouse Gang" começou a perder membros de ambos sexos a favor dos outros grupos da região. Atingiram o número apropriado para o local de pequenas dimensões onde estavam estabelecidos, tendo-se posteriormente juntado outros animais. Um grupo de machos entrou no grupo e conseguiu obter influência do grupo e deslocaram-se para uma região totalmente inexplorada, cheia de comida apropriada para os babuínos.
Hoje, ainda há diferenças entre os animais translocados e os nativos, no comportamento e dietas, mas em geral, é dificil dizer se o grupo possui origens diferentes. Mas agora, todos os recém-nascidos, jovens e machos adultos são nativos da área. Cada um aprendeu ou vai aprender o que necessita para sobreviver aqui.
As secas ainda acontecem, tanto as crias como os adultos morrem. Nestes tempos, brinco com a ideia que sou responsável por esta situação e que tenho de interferir, mas sei que entrar na vida dos babuínos, seria impedi-los que usassem a oportunidade de se adaptar aos tempos dificeis. Após 26 aos de observação destes notáveis animais, a suportar as boas e más provas do ambiente, aprendi a nunca os subestimar.
Bibliografia
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